terça-feira, 4 de março de 2008

Barquisimeto

A crise que o 11 de Setembro, a guerra no Afeganistão e Iraque e o aumento do preço do petróleo causou, parece não afectar a Madeira. Com um PIB nunca visto, apesar da distribuição de riqueza ser uma treta e do número de pobres chegar aos 20%, a Região tem dado mostras de sobreviver neste mundo financeiro que não se compadece dos pequenos investidores nas Bolsas de Valores. A máxima que diz ser possível fazer fortunas em tempos de vacas magras nunca valeu tanto. Neste caso madeirense, a máxima seria de que em tempo de cortes e garrotes, há que investir aos potes.
A Câmara de Santa Cruz, quando se viu com uns dinheiritos a mais (cito) provenientes não se percebeu bem de onde, que não se poderiam aplicar em investimentos camarários também não sei bem porquê, decidiu embarcar para a Venezuela, com banda e tudo, dar aos nossos emigrantes aquele abraço que eles tanto precisavam (não nego), lá mesmo, nas terras que já foram de Bolívar. A crise não afectou o passeio fraterno e amigo de muitos convivas que, segundo alguns “patrocinadores”, fizeram as delícias da nossa comunidade. Pelo menos, a comunidade dos santa-cruzenses emigrados na Venezuela.
A moda pegou. Vai daí, as necessidades dos vicentinos emigrados levam nova comitiva ao quintal de Chávez, esse mesmo que parece andar a fechar negócios de madeirenses, desde padarias a supermercados. Agora a história reza que os bem sucedidos empresários do norte da Madeira apoiam financeiramente esta deslocação, com a grande novidade de que os políticos e empresários (devem ser os bem sucedidos) de Barquisimeto (afinal quem não conhece?!) vão retribuir a visita já em Junho. A “alcaldia” e a nata empresarial daquela famosa região Venezuelana não tinham a agenda muito preenchida, houve um adiamento da visita a New York, então é mesmo no início do nosso Verão que se irão meter nos gabinetes da Secretaria do Turismo para estudar a forma como está organizado o turismo por estas bandas.Numa altura em todos se queixam das verbas que a Europa nos retirou, das verbas que Sócrates rouba à Madeira, dos projectos que não envolvem o bastião laranja insular, há muito dinheiro para ir à Venezuela. Não tenho inveja dos passeantes, que vão e venham todos muito bem sem qualquer percalço. Mas custa-me ver o regabofe com dinheiros públicos, quando os autarcas vão a correr para Lisboa exigir os 5% de IRS que não lhes tem calhado no prato. Faz lembrar a história do areão do Chão da Ribeira. E quanto aos empresários, não venham depois falar da crise e pedir os apoios que tanto jeito lhes dá. Tenham, ao menos, vergonha na cara.

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