terça-feira, 4 de março de 2008

Texto publicado

Tretas

As declarações recentes do novo bastonário da Ordem dos Advogados só podem ser encaradas como mais um saco cheio de tretas. Dos corruptos todos que o senhor Pinto falava, dizendo que ostentavam riquezas ilícitas ou algo do género, não apontou nenhum nome. Como advogado, sabe que as declarações produzidas publicamente têm um impacto maior do que à mesa do café, daí que não dando nomes aos bois só se pode deduzir que a necessidade de “aparecer” na Comunicação Social foi maior do que o bom senso. Já lhe chamaram cobarde, isso pelo menos foi algo concreto. Ainda que fosse na qualidade de cobardia, a acusação de como o bastonário pretende atacar a corrupção.
O gang à solta de Jardim, a corrupção como fenómeno à escala universal de Tranquada Gomes, os chupistas de Sara André, as negociatas de Cunha e Silva. Tudo expressões com marca registada de figuras da nossa praça, mas que não passaram de tretas à boa maneira portuguesa. Mesmo sendo acusações não identificadas, o Povo atribui logo caras e nomes. Aos detentores de cargos políticos, claro. Pois são eles que aparecem todos os dias na Comunicação Social. E não fazem por menos na sociedade. Aparecem com grandes carros, grandes casas, barcos, etc. Com os ordenados que têm, muitos estão ou ficaram bem de vida. Não invejo esse estatuto, mas à semelhança de muito mortal com conhecimentos de “taboada”, por mais contas que faça não conseguiria nem 50% do que muitos alardeiam. Mesmo descobrindo mais tarde avenças e outras alcavalas que muitos senhores devem ter, é precisa muita ginástica e não gastar nada com comida, vestuário e combustíveis durante muitos anos para conseguir um rol de património, esse sim, invejável (como adjectivo). E com filhos a estudar aqui e ali…Como advogado (mais uma vez), esperemos que o senhor Pinto ao conhecer profundamente a Lei, concretize as acusações. Talvez tenhamos uma operação “Mãos limpas” à moda de Itália. Mas que não acabe com os acusados a candidatarem-se a cargos políticos e, à sombra do carneirismo português, serem eleitos novamente. Mesmo depois de fugirem para o sul da América.

Sem comentários: